segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Gothic Metal NÃO É GÓTICO!!!!!

Hein? Como assim?



Para nós que fazemos parte da "cena", isso é óbvio e claro. Mas sinto que é minha obrigação falar a respeito neste blog, que é voltado principalmente para estudantes de dança.



Com a modinha da "Dança do Ventre Gótica", "Gothic Fusion", "Dark Fusion" e "Tribal Gótico"_ que sinto que foi só um boom por causa da vinda da Ariellah ao Brasil, e logo voltará ao seu devido lugar_, muitas meninas que nada tem a ver com o universo underground têm aderido ao estilo. Algumas poucas tem absorvido o que "é" esse estilo e apresentado belíssimos trabalhos, mas de uma forma geral o que vemos são apresentações "Freak Show", "tribais" malfeitos e indefinidos com roupa preta, ou cópias_ perfeitas mas simplesmente cópias_ do que já foi feito. Geralmente, ao som de enlatados criados pela mídia para atender aos góticos de MTV de plantão. Então, vamos tentar entender um pouco mais sobre a subcultura? Creio que o artigo seja interessante a muita gente, já que todas dizem que ESTUDAM E SE INTERESSAM A FUNDO...



O primeiro ponto a ser pensado e analisado é: Gótico e Metal são duas sub ou contraculturas diferentes, com conceitos, origens e comportamentos diferentes. Até o visual é diferente, apesar de ambas as "tribos" usarem roupas pretas_ com o mínimo de conhecimento e convivência, dá para perceber claramente a diferença entre ambos.



Ambas as tribos possuem fortes referências musicais, aliás, eu mesma sou meio contrária a ser rotulada mas é inegável: quase tudo o que ouço é """gótico"""... Então pensemos na música. Tanto o metal quanto o gótico possuem raízes nos anos 70, e está aí nossa primeira diferença: no metal podemos encontrar claras influências de Black Sabbath, Deep Purple, e a maior banda "metal" é Iron Maiden, se não me engano formada por volta de 1975. Já o Darkwave e o Gótico, se formos pegar as primeiras bandas ( que não se auto- rotulavam como tal, mas pode- se dizer que foram "adotadas" como tal), veremos que vem de outra linha de influências musicais. Pensemos em The Cure, Siouxsie and the Banshees, Bauhaus, Joy Division... São todas bandas influenciadas por Velvet Underground, David Bowie, The Stooges... Influências diferentes= raízes diferentes= pensamentos diferentes.



Depois do "Heavy Metal original", vieram o Power Metal, Nu- Metal, Doom, Melódico e outras linhas, e foi em cima disso que surgiu o Metal com estética gótica. Foram inseridos vocais líricos femininos, orquestras, visual rebuscado... Bom, posso até citar algumas bandas autênticas, mas, como sempre, o que chega ao grande público já tá é bem enlatado. Utilizar- se da "estética" gótica não faz estas bandas serem góticas. Gótico é mais do que uma estética obscura e clipes com morcegos. Salvo algumas bandas, que criaram alguns trabalhos originais em cima desse "mix" de estilos, a maioria é produto. Um produto que, diga- se de passagem, veio com mais influências do Doom Metal do que do Darkwave.



É inegável que algumas bandas de metal possam se utilizar da estética gótica ou do Synth pop dos anos 80, assim como bandas consideradas góticas possam ter influência do metal. Sisters of Mercy, Fields of the Nephilim e Lacrimosa possuem, por outro lado, influências destes estilos. Trafegar por novos caminhos musicais não faz mal pra ninguém, e ter "influências" não significa perder a essência. Aliás, o universo musical gótico é extremamente rico e amplo. Mas se tem mais metal do que darkwave, não é uma banda gótica.



Finalmente, às bailarinas: se você usa uma banda de MTV, como Nightwish, Evanescence, e afins, pode sim fazer um belíssimo trabalho. Eu sou a primeira a defender que as pessoas devem dançar aquilo que gostam! Mas se você dança um metal está fazendo um outro estilo de dança. Isso é até melhor do que correr atrás do rebanho! Criar novos estilos, fazer o que se gosta, e não fazer Gothic Bellydance só porque o DVD é legal.



Ah, tá... sou chata? Estou falando groselha? Então assistam ao DVD. De novo. Lá ninguém dança Gothic Metal. Não é errado dançar, errado é fazer qualquer coisa e se apropriar de um rótulo que deu certo_ mesmo que esteja dando certo temporariamente: aguardo a próxima bola da vez!



Não sou contra o gothic metal também como estilo, e aqui não é minha intenção criticar. Minha intenção é INFORMAR. Essa confusão toda existe por falta de informação. Eu mesma ouço algumas bandas deste estilo, provavelmente desconhecidas do grande público, assim como ouço coisas que não são góticas ou post punk o tempo todo. Mas curtir algum compositor da MPB não significa que ouço tudo desse estilo, assim como gostar de uma banda ou outra de metal não faz de mim headbanger.



Na prática, basta pesquisar e conhecer o som a fundo pra entender a diferença. Existe uma distância enorme entre os estilos e, para isso, basta gostar o suficiente para ouvir. Não vou dar lista de banda porque tem paga- pau por aí que adooora decorar cartilha... rsrsrs... Eu gostaria que as pessoas parassem de decorar nomes do que é ou não gótico e passassem a ser sinceras com seus próprios gostos... ( desabafo mode on).



A grosso modo, devemos lembrar: o gótico tem um lado obscuro e sombrio, mas não é só isso, e nem tudo que é sombrio é gótico. E nem tudo que é gótico é sombrio:



É válido lembrar que este Blog é seguido não somente, mas PRINCIPALMENTE, por bailarinas e praticantes de dança do ventre e tribal fusion. Portanto, estou escrevendo em linguagem direcionada a este público. É claro que TODOS são bem-vindos ao meu Blog!!! Mas estou direcionando a postagem a uma grande massa de uma nova geração de bailarinas que estão mal informadas sobre o que é o Gothic Bellydance, e tentando praticar sem muito senso do que estão fazendo.



Repito, e se tiver que repetir mil vezes assim farei, que isto não é uma crítica ao gosto de ninguém, mas sim a um determinado comportamento. O Gothic Bellydance não é modalidade, é estilo! E, como já cansei de dizer, você faz o estilo que você é! O Tribal Fusion nos dá essa liberdade! Saber separar as coisas é uma questão de coerência, e já que estamos falando na Arte da Dança, compor o personagem é fundamental. Vejam bem, vocês estão tendo de graça uma informação que muita gente cobra para dar: construção de personagem. A "cara" de uma bailarina "Metal" deve ser diferente da cara de uma bailarina "Gótica". E, já que estamos falando de estilos diferentes, o tal do "Gothic Metal" DEVE TER UMA AMBIENTAÇÃO, FIGURINO, EXPRESSÃO E LEITURA MUSICAL DIFERENTES tanto do metal quanto do gótico! Não estou aqui condenando à guilhotina uma adolescente que se sinta feliz dançando uma música do Marilyn Manson ou do Evanescence. Mas tentando deixar bem claro que a bailarina que vai dançar Dead Can Dance tem uma energia diferente da que vai dançar Lacuna Coil, e ambas diferentes da que vai dançar Marilyn Manson.



Comentários póstumos ( inseridos meses depois da postagem original):

Quando escrevi este post, o Gothic Bellydance vinha crescendo desordenadamente no Brasil, e todo mundo queria participar da festinha! Atualmente, já temos algumas poucas profissionais começando a separar as coisas. Feliz eu vou ficar o dia em que todas fizerem como eu e ensinarem suas alunas a terem um estilo próprio, e não comprar o que é do outro, não imitar o que já foi feito. Meu trabalho é valorizar o que cada uma tem de melhor. Tá meio difícil explicar que técnica é uma coisa, estilo é outra, até porque isso é mais difícil de ouvir do que "Venha a mim, eu tenho a fórmula pronta!", e tem cada vez mais picatetas, ops, perdão... digo, cada vez mais "profissionais" que aproveitam o que as pessoas QUEREM ouvir e não a VERDADE para fazer sua fama. Uma pena... não entendem que somente o que é autêntico e verdadeiro dura...







quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Verdades e Mitos Sobre Gothic Bellydance

*** TEXTO ORIGINAL= DE AUTORIA PRÓPRIA***

*** SEJA EDUCADO E NÃO DESRESPEITE A LEI:

PLÁGIO É CRIME E DAR CRÉDITOS AO USAR É BEM EDUCADO***


Quando comecei a praticar e divulgar Gothic Bellydance, não havia quase nenhuma informação a respeito. O que é natural, já que este estilo surgiu de forma espontânea, não é uma técnica específica e pré- determinada como já repeti diversas vezes. Este Blog acabou se voltando para o estilo justamente pelas perguntas que eu recebia diariamente de pessoas interessadas_ inicialmente eu pensava em um Blog que tratasse da dança de maneira geral, com inteligência e sem preconceitos, mas o tema rendeu mais do que eu imaginava.

De 2004 para cá, o Gothic Bellydance cresceu rapidamente, agregou novas praticantes, ganhou em técnica e diversidade e tornou- se algo praticamente comercial. Em 2009, está em seu auge no Brasil, afinal a Ariellah esteve aqui e ninguém queria ficar de fora da “modinha” ou da “tendência”. Com um crescimento tão rápido, surgem informações equivocadas, coisas inventadas e disseminação de mitos. É por isso que estou fazendo esta coletânea de pérolas. Este não será um tópico fechado e pronto, estarei sempre atualizando, portanto se você leu ou ouviu uma pérola me mande! ( só não quero citar os autores da “pérola” e nem identificá- los, por favor. A intenção é INFORMAR e não expor as pessoas.)

Vamos lá!!!!!

“ Tribal e Gothic Bellydance é a mesma coisa”

A VERDADE POR TRÁS DO MITO: não. Não é a mesma coisa. Mas incrivelmente essa é uma dúvida e/ ou afirmação super comum. Por incrível que pareça, pois são coisas distintas. Dê uma lida no tópico Tribal X Gótico, onde inclusive lanço mão de um artigo super completo de Shaide Halim sobre os vários estilos dentro do Tribal.

“ As americanas inventaram o Gothic Bellydance”

A VERDADE POR TRÁS DO MITO: O Gothic Bellydance surgiu de maneira espontânea entre performers que dançavam em casas noturnas e raves góticas em diversas partes do mundo. Antes de saber da existência do GBD de maneira mais comercial nos EUA, já havia praticantes no Brasil, e ouvi relatos do mesmo fenômeno acontecendo na Europa. O que as americanas criaram foi o ATS, estilo tribal do FCBD ( Carolena Nericcio, lembram?), que foi o precursor do Tribal Fusion, que foi por sua vez amplamente agregado ao GBD. E fizeram DVD. É isso.

“As bailarinas de Gothic Fusion dançam fazendo mudras”

A VERDADE POR TRÁS DO MITO: O trabalho de braços é muito explorado e complexo do GBD, mas imitar os mudras indianos não é regra e não faz parte da subcultura gótica. Pode- se ( e deve- se) fazer os mudras se a música tiver inspiração indiana. Isso não é específico do Gothic Bellydance, mas sim uma influência do Tribal Fusion, e eles devem ser feitos SOMENTE se a música for claramente inspirada em música indiana.

“O Gothic Bellydance é dançado no Halloween”

A VERDADE POR TRÁS DO MITO: Subcultura Gótica, apesar de hoje existir em praticamente todos os continentes, vem da Europa. Halloween é uma comemoração Norte- Americana. Não são vinculados. A verdade é que, enxergando por fora, de maneira superficial, pode- se pensar que tem a ver... bruxas, vampiros, fantasmas... Enfim... A “estética gótica” vai muito além de se vestir como esses “personagens”. Mas, sim, no fim das contas pode- se usar a Gothic Bellydance em uma apresentação em comemoração ao Halloween, a estética é bem apropriada. Só não podemos vincular as duas coisas de maneira simplista.

Para começar são essas. Conforme for encontrando mais, vou colocando. E, como já falei, todas podem colaborar, desde que não se identifique nem ridicularize ninguém. E finalizo dizendo: DANÇA DO VENTRE, SEJA GÓTICA OU PURPURINADA, NÃO DÁ BARRIGA!!!


*** TEXTO ORIGINAL= DE AUTORIA PRÓPRIA***

*** SEJA EDUCADO E NÃO DESRESPEITE A LEI:

PLÁGIO É CRIME E DAR CRÉDITOS AO USAR É BEM EDUCADO***