quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Vida de Professora- Preparando Workshop de Gothic Bellydance

Nossa, faz tempo que não posto no Blog... Essas últimas 2 semanas foram de atividade intensa e totalmente dedicadas aos meus workshops, que acontecerão em São Thomé das Letras neste fim de semana.

Estava tudo pronto, quando veio a novidade: eu teria que dar um workshop de Tribal. Wow... tá... aceitei desde que fosse dentro de minha especialidade...

Eu tinha um material semi- pronto que preparei a convite de minha amiga Kristinne Folly, para um possível workshop no Rio. Todos sabem que sou meio relutante a respeito da idéia de dar aulas e workshops de Gothic Fusion. A própria Ariellah não deu NADA específico sobre o Gothic Bellydance/ Dark Fusion... Como já repeti milhóes de vezes: quem é gótico é e pronto!!! NÃO DÁ PARA TENTAR TRANSFORMAR A BARBIE E NEM A MÃE DE FAMÍLIA NUMA PERFORMER GÓTICA!!! Pelos deuses!!! A não ser que a pessoa tenha isso dentro de si. ( desabafo mode on: espero que esse modismo passe logo... ) Uma pessoa QUE NÃO POSSUI ISTO EM SUA ESSÊNCIA não será uma performer gótica... Mas os convites tem sido muitos... E minha experiência com aulas no estilo se restringe ÀQUILO QUE ACREDITO: aulas particulares e ensaios/ coreografias. Ou seja... muita experiência com meninas góticas... e um medo imenso de tentar passar isso para quem não é...

Decidi enfim fazer a experiência. O tempo era curto, mas eu já tinha 3 coreografias simples para passar, uma apostila começada e minha bagagem de vida ( não estou aqui para ficar medindo curriculos, então deixemos os detalhes para os contratantes). Pensei que vencida a resistência seria fácil... Ledo engano... Primeira parte? Como fazer um texto simples, de fácil compreensão, que ao mesmo tempo não esmiuçasse cada detalhe da contracultura/ subcultura para quem gosta do termo ( isso poderia ser prolixo demais...)_ mas que não deixasse uma visão superficial a respeito do que deve ser esta dança? Afinal, o que tem de gente correndo atrás do tempo, tentando ser o que não é, não está escrito... E eu não tô a fim de criar novas pessoas assim... Aliás... decidi passar a aceitar os workshops por um motivo muito simples: não por dinheiro, não por moda, não por prestígio, mas sim porque eu SENTI FINALMENTE QUE, COMO PERFORMER DE GOTHIC BELLYDANCE HÁ TANTOS ANOS, EU TENHO UMA RESPONSABILIDADE PERANTE O ESTILO, TENHO UMA RESPONSABILIDADE TANTO COM A CENA GÓTICA QUANTO COM AS MENINAS QUE QUEREM TER UM CONTATO MAIS DIRETO COM A DANÇA MAS QUE NÃO ENCONTRAM OPORTUNIDADE. E foi este mesmíssimo senso de responsabilidade que me tomou cada minuto das últimas semanas.

Minha luta sempre foi oferecer um trabalho de qualidade dentro deste estilo, que sempre foi estereotipado e permeado por preconceitos, e hoje, que é uma dança reconhecida, praticada por bailarinas de todos os tipos, minha luta é desvincular o Gothic Bellydance do Freak, do superficial, do "só se vestir de preto"... e fazer isso com AÇÕES, e não somente com palavras, porque falar bonito em Blog é fácil...

Parte 2: a coreografia... Ai, a coreografia!!! Eu tinha algumas prontas. O problema? Eu não danço coreografia!!! Uma era para uma aluna minha avançada, que já é professora, e duas eram do meu grupo. Precisei adaptar. Tá... Mande Zahrah fazer algo simples... Foi mais difícil simplificar a coreografia, para que pudesse ser compreendida em 3 horas em vez de 3 semanas do que criar um espetáculo completo!!!

Tudo isso pronto, terminei de digitar a tal apostila. Aí veio a parte 3: escolher as músicas. Quem já veio aqui sabe a quantidade de CDs que tenho no meu acervo... No momento estou às voltas com cerca de 200 CDs, pensando quais são as músicas menos "assustadoras" ( risos). Sim, tenho muita coisa que não dá para dançar...

E o que se tira de lição deste meu dia- a- dia atribulado? O que é ser professora? O que é ser artista? Isso vai além do dom, além da técnica, além da experiência... Ser professora é um ato de amor e responsabilidade! É dedicar- se por completo ao aluno. Sem folga! Uma professora que dedica 10% de si é uma professora 10%. É pensar nos detalhes. Como aquela senhora que passa a semana lavando roupa vai absorver a dança? E a bailarina profissional em busca de aperfeiçoamento, como posso acrescentar algo positivo a ela? E a executiva que compete no mercado de trabalho e chega ao workshop de cabelos em pé, o que posso fazer por ela? É pensar em cada uma e preparar cada detalhe de forma que atinja positivamente todas essas mulheres ao mesmo tempo em que eu respeito a Arte, e a passo para frente por AMOR, POR COMPROMISSO, POR RESPEITO, nunca por caprichos mesquinhos. Ser professora é estar tão de bem com o que faz a ponto de rir e saber improvisar se algum desses mínimos detalhes sair do controle. É dar o seu melhor ao ser humano.

Sempre digo que a melhor bailarina não precisa ser a melhor professora e vice- versa. Uma coisa é distinta da outra. Mas confesso que estou muito feliz por ter a oportunidade de também poder apresentar meu trabalho em palco numa cidade pela qual sou apaixonada! Estive em São Thomé das Letras algumas vezes, e uma delas com meu ex- noivo, em 1999. Eu olhei em volta e falei: "Meu ( sou paulista), compra logo uma casa aqui que quero vir dançar nessa cidade!!!!". O noivado acabou ( a amizade ficou, hoje somos como irmãos), não compramos a casa, mas estou sendo privilegiada com o empenho da minha amiga Emília Ract, que organizou este evento que promete ser fantástico ( quando falo fantástico não é como mero superlativo, não sou dada a palavras efusivas, se falo que promete é porque promete mesmo! ), diferente do que se tem feito na Dança Oriental. Não que os outros sejam ruins, longe de mim entrar neste mérito... Mas tem faltado criatividade para fazer coisas diferentes. Finalmente, vou dançar em São thomé... rsrsrs....

Encerro este me desculpando pela ausência, e já avisando que volto terça- feira! Com muito mais informação e textos prontinhos para serem postados! Aliás, estes textos estão fazendo sucesso, já surgiram as cópias!!! Bom sinal. Tudo o que faço é criticado no início, tudo, acho que nada que fiz na dança foi lindo e premiado em um primeiro momento, mas um dia as mesmas pessoas se tocam que existe mais do que superfície no trabalho de um artista.

Um lindo feriado prolongado para vocês!
=*

7 comentários:

  1. Uau que post bacana!
    Parabéns... pelo que vi do seu dia-a-dia dá para perceber que você é uma professora bem dedicada hein... =)

    Eu li o que você escreveu, sobre quem é gótico é por essência e natureza e ponto final.
    Eu refleti sobre isso e tenho que concordar com você. Eu sempre apreciei a estética gótica e a estética da dança tribal. Mas meu aprendizado nisso nunca foi para a frente, pois eu percebi que gothic/tribal não está na minha veia, eu tenho a alma barbie mesmo ... rs...

    Estou no meio da dança a pouquíssimo tempo e pelo que pesquisei até agora o seu blog é um dos únicos sobre gothic... Estou achando interessantíssimo. Principalmente por sua preocupação em ser verdadeira e fiel ao à essência, sem modismos....

    Um beijo de Osasco-SP

    Rayzel.

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  2. Za,sou fã do seu trabalho e vc é a unica que escreve com base na sua experiencia sem copias.
    Sucesso.
    Bjos

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  3. Gostei bastante da sua forma de se expressar, e a ideia/realidade de que pra performances, temos mesmo é que ser performáticas com o que temos "na alma". Vou ler mais várias coisas no seu blog que gostei muito!

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  4. Olá Zahrah.
    O que houve com o texto que vc havia escrito, contando detalhes sobre o evento de São Tomé das Letras??? Achei legal e queria postar no grupo Raks Sharki do multiply.
    Adoro a forma clara e honesta como vc se posiciona.

    Um bjooooo!!

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  5. Olá, Malikat! Esta resposta é extensível a todas. Aproveito a deixa para esclarecer tudo por aqui, em respeito a quem acompanha este Blog...

    Eu fiz uma resenha sobre o evento, omitindo alguns detalhes e finalizei, como sempre, com minha visão pessoal acerca de coisas no mundo da dança que nunca mudam, sem citar ninguém. Mas a carapuça serviu para uma pessoa que eu não imaginava que serviria, inclusive isso me surpreendeu. Mesmo eu tentando de todas maneiras mostrar que ela tinha entendido errado, e me prontificando a modificar o que não tinha ficado claro, essa pessoa permaneceu irredutível, me acusando de expor coisas de bastidores_ que não expus_ e de outras coisas mais. Pelo contrário, elogiei a pessoa em questão para ajudar, sem o devido merecimento.

    Pensei bem e vi que omiti coisas que não deveria, mas que poderiam prejudicar outras pessoas e mesmo assim não fui compreendida. Recebi acusações que eu não merecia. Mostrei o texto para algumas pessoas, que me garantiram que ela estava enxergando coisas que não existiam. No final, acredito que nada fiz de errado, mas decidi salvar como rascunho porque este blog é de crescimento e informação, e não quero prestigio e ibope em cima de polêmicas e barracos, como tantas outras por aí.

    O texto original na integra está salvo nos meus rascunhos, e tb tenho em documento de texto. Tenho compromisso com a verdade e não temo ninguém. Mas não quero crescer como uma pessoa que causa tumultos.

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  6. Olá Zahrah. Ví vc na Comu do Orkut e gostei das suas participações.Por isso visitei e resolvi seguir seu blog. Este post me interessou primeiramente por falar da parte "professora" porque eu também sou: de História e de DV. E depois fiquei curiosa sobre esse evento em São Thomé das Letras. Dançar em são Thomé é um tudo! Gostaria de saber que evento é esse

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  7. Estou encantadíssima pelo assunto! Fiz menção sobre vc no meu blog - como fonte de pesquisa sobre o assunto. Abraços!

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