terça-feira, 4 de agosto de 2009

O Gothic Bellydance na Minha Vida




O gótico chegou para mim antes da dança do ventre. Eu comecei a fazer ballet clássico e jazz aos 9 anos de idade. Não cheguei a me formar, minha família não era a favor da dança, mas o pouco que eu conseguia praticar já foi o suficiente para a dança tornar- se parte de mim.


Muito cedo, com 12 anos, eu já me vestia de preto e ouvia som gótico. E foi com essa bagagem que trouxe co

migo desde a pré- adolescencia que eu comecei a pensar na possibilidade de us

ar o que eu conhecia junto com o que eu gostava para alguma coisa que me satisfizesse e ao mesmo tempo entretesse as pessoas. Mais tarde, por volta de 1993/ 1994, eu e uns amigos formamos um grupo de performances teatrais chamado Atmosphere ( ai, será que alguém aqui lembra disso? Acho q não, rs...), durou pouco tempo, nossa idéia era utilizar músicas góticas como pano de fundo para encenações com mímica e dança, e foi aí que a dança do ventre entrou de vez na minha vida.

Agora começa a parte que REALMENTE interessa.
Fui procurar aulas, mas fui proibida pela minha família. Comprei uma fita de vídeo e estudava os movimentos escondido. Foi minha vivência no universo gótico que me influenciou a procurar danças orientais. Não o contrário e por nenhum outro motivo. Fanática p

elo Dead Can Dance, eu não via outra forma de explorar as músicas a não ser com dança do ventre. Nunca achei que isso fosse dar certo. Qual não foi minha surpresa qdo o grupo de teatro acabou e continuei "carreira solo"???????? ( hahaha, uma verdade com dose de piada, ok?)

Minha primeira apresentação foi com uma música do Collection D'Arnell~Andrea ( gravei recentemente uma tentativa de reprodução da performance, já que na época eu nem sonhava em ter câmera). Se é bom p/ dançar??? NÃO! rs... até hj me perguntam de onde tirei akilo. Foi muito inusitado. Minha roupa se resumia a uma saia indiana estampada, um top bordado preto ( q era maravilhoso, lindo!), uma correntinha nos quadris e um par de luvas de renda. Nada a ver uma coisa com outra. rsrsrs... Depois comecei a fazer roupas tradicionais e mais luxuosas ( sou estilista, néééé???), mas em tons de roxo, vermelho e preto. Ainda não existia tribal fusion no Brasil. Passei a utilizar exclusivamente músicas do Dead Can Dance e mais tarde, quando a coisa espalhou e todo mundo dançava DCD, passei a utilizar outras músicas.


Me apresentei

em diversas casas e festas entre 1995 e 2000, e nessa época comecei a ganhar alguns concursos e me dedicar mais ao estudo da dança oriental. Acabei me decepcionando com algumas "seguidoras" q estavam usando a dança para um lado vulgar e promiscuo, fikei chateada com isso, e os cachês dos restaurantes e das festas na colônia árabe me atraíram_ não que eu faça por dinheiro, eu danço por amor, mas a essa altura eu já podia me considerar uma profissional e é justo cobrar pelo meu trabalho. Entre 2001 e 2004, me dediquei muito ao estudo da dança do ventre tradicional e a me apresentar profissionalmente. A dança do ventre gótica não tem espaço em eventos árabes, e até então não tinha nos eventos de dança também. Já fui impedida de dançar no estilo em eventos ( tipo os MPs genéricos q temos por ai), inclusive. E qdo consegui fazer uma coisinha ou outra, fui arduamente criticada. Acabei dando um tempo mesmo, fiz poucas apresentações nesse período, quando dava aulas no espaço da Valéria Jouze, em caráter experimental, com a banda do meu ex. Ela sempre abriu espaço para trabalhos diferentes, porém com qualidade.
Eu nem pensava em voltar, qdo uma pessoa que queria um show PROFISSIONAL E DIFERENCIADO entrou em contato comigo, por volta de 2004. Conversamos e ele disse q keria um trabalho de qualidade, diferente de tudo o que estava rolando por aí, e meses depois lá estava eu dançando de novo. Esse período no qual estive afastada foi o de maior crescimento da GBD no Brasil. Foi um boooooooom junto com o boom da novela o Clone, e o estilo foi sendo incorporado por cada vez mais gente, e voltei em uma realidade completamente diferente. Realmente, a gente precisava apresentar um trabalho diferenciado, e que deu super certo! E decidi me dedicar à divulgação de uma Dança do Ventre Gótica séria, técnica, arrojada, em vez de continuar dando

espaço a coisas mal feitas que só geram mais e mais preconceitos contra os poucos que realizam este trabalho sério. Decidi fazer pela dança, pela cena gótica e pelas pessoas que lutam contra o preconceito q existe contra nós.


Logo em seguida engravidei e encontrei uma nova fase em minha vida. Hoje tento equilibrar meu tempo entre os cuidados de minha filha e a dança, e me dedicar em partes iguais à Gothic Bellydance, à Dança do Ventre Egípcia, ao Dabke, ao Tribal Fusion e à Yoga. Não dá mais para tapar um buraco destapando outro. Tudo isso faz parte de mim. Ah sim, nessas idas e vindas fiz dança contemporânea, Flamenco, dança moderna, dança cigana, e pretendo retomar. Continuar dançando com qualidade, para mim, é um serviço de utilidade pública, kkkkkkk... Atualmente, faço aulas de Yoga, Tribal e Dança Indiana. Dou aulas de Dança do Ventre no ABC e faço workshops para me aprimorar.

Depois de ler tudo isso, vocês podem imaginar o q esse estilo representa para mim... Foi algo q aconteceu com tal naturalidade, que fica difícil de explicar. É meu lado espontâneo. Diz muito sobre quem eu sou. Quando me visto de dourado, passo baton e danço uma música árabe sorindo, é uma personagem, uma personagem que amo, mas é a Zahrah, a bailarina oriental que criei. A Silvia, é essa, que dança, tem a dança em si, mas que tem o lado sombrio e que prefere a pista do extinto Madame Satã a um palco iluminado, que prefere dançar cara a cara com seus semelhantes a estar em evidência, que prefere dançar um conflito.... O Gothic Bellydnce foi a brecha que encontrei para expressar quem eu sou.

O público??? As pessoas mais maravilhosas que já conheci! Já dancei em open bar perto das pessoas, e mesmo estando num espaço cheio de bêbados fui respeitada. Nunca tentaram colocar dinheiro na mnh roupa, mexer no meu kblo ou invadiram meu espaço numa festa gótica, são pessoas que possuem educação e cultura ou que TENTAM isso pelo menos. Os góticos são geralmente mais educados que a maioria da grande massa. Ah, sim.... Em um show recente invadiram a pista, acontece... Mas não foi nenhum tarado, rs, foi uma garota que queria aparecer... Só isso.

Infelizmente, as pessoas que organizam as melhores festas góticas não dispõem de muita verba, e um trabalho verdadeiramente profissional fica difícil nessas condições. Bom, eu não posso dançar em troca de algumas cervejas... Infelizmente, tem quem se sujeite a isso. É uma triste realidade, pois quando isso acontece a qualidade da dança também fica comprometida.

Histórias curiosas tem várias... a começar pela minha primeira roupa e da música difícil, q ja contei, os fãs estranhos, rs... Tem uma menina q me viu dançando numa balada em Ribeirão e não sai do meu pé até hoje!!! ( ai, espero q ela não se ofenda se ler, rs... somos amigas), teve um fã que descobriu onde eu morava, enfim... tem mais coisa engraçada do que problemas e dificuldades comuns à carreira para contar....


Eu imagino que eu tenha me consolidado como performer gótica e que meu trabalho esteja ativo há tantos anos pela seriedade e pelo amor que coloco no que faço. E essa é uma história que não pretendo concluir tão cedo, apesar dos modismos e do preconceito.



4 comentários:

  1. Oi meu nome é Jackie Sioux ... estarei na Dark Side e estou ansiosa para ver sua apesentação .... boa sorte na carreira ... parabéns .... beijos

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  2. Já te aceitei no orkut para nos conhecermos melhor! Se bem que é até possível que a gente já se conheça... raves... shows do DRG... hehe...

    Obrigada pelo comentário!
    Bjs!

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  3. Olá sou Bárbara Eugênia, passei pelo seu blogger e amei o conteudo, conheci o gothic belly dance a pouco tempo não tenho muito conhecimento sobre esta dança encantadora, mas o pouco que conheci já me interessei, sou ex bailarina também pretendo voltar a dançar breve mas de preferência gostaria de aprender o gothic belly dance, pena que aqui por perto de minha cidade não tenho aulas do gênero... enfim adorei o seu blog...até breve

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    1. Oi, Bárbara! Obrigada pelo comentário!!!
      Como defendo em outras postagens, não deve existir aula de Gothic Bellydance. Para mim, a bailarina deve estudar o estilo de dança que achar necessário e incorporá-lo ao seu estilo. Como você pôde ler, eu nunca tive uma aula de Gothic Bellydance. Tive aula de ballet, dança do ventre, teatro, música, ATS... Mas de Gothic Bellydance não. E é isso que faz de um trabalho algo autêntico. Procure uma boa professora de Dança do Ventre ou Tribal Fusion, e ela irá te ajudar! Beijos!

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